terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Criminosos teístas e ateístas...

As ideologias e os crimes

As boas ou más acções costumam ser apanágio de pessoas boas ou más, mas as acções más praticadas por pessoas boas exigem a abdicação da racionalidade que a demência ou o fanatismo da crença provocam.

Os crentes das diversas religiões envergonham-se da história das crenças que professam e costumam acusar os ateus das mesmas malfeitorias que a piedade inspirou.

Na Grécia Antiga apelidavam-se ateus os que acreditavam em deuses de outras cidades porque, no fundo, todos somos ateus com os deuses alheios. Os ateus só descrêem de mais um deus do que os mais fanáticos monoteístas.

Seria estultícia negar os crimes execráveis de ateus que detiveram o poder, de Estaline a Mao, de Pol Pot a Enver Hoxha, mas não consta que os milhões de mortos e deportados fossem vítimas da crença na virgindade de Maria, na infalibilidade do Papa ou nas conversas de Maomé com o arcanjo Gabriel. Mas os judeus, cristãos e muçulmanos têm o habito de se matarem por questões de fé. Às vezes por meras divergências teológicas.

Não se podem considerar crimes católicos as centenas de milhares de assassinatos do devoto Francisco Franco, apesar do apoio entusiástico do clero católico e de o Papa de turno ter abençoado a matança com a equiparação a cruzada. Nem Mussolini, Pinochet, Videla ou Salazar podem ser vistos como assassinos católicos apesar da paternal estima que os pontífices de Roma lhes prodigalizaram.

Só o padre Tiso, ditador eslovaco, se pode considerar um assassino católico porque matava cristãos, por serem ortodoxos, e judeus por ser hábito. Também não lhe faltou o apoio unânime do episcopado e do Papa e o epíteto de enviado da Providência, antes de ter caído em desgraça.

Os ateus criminosos não quiseram converter ninguém ao ateísmo, excepto o demente Enver Hoxha que presidiu a um Estado oficialmente ateu, uma perversão semelhante a uma teocracia.

Crimes religiosos são os que se praticam por causa de uma crença, com o desejo de que ninguém tenha dúvidas sobre qual é o deus verdadeiro – o dos carrascos.

As cruzadas, a evangelização dos índios, a Inquisição, a Jihad, os pogroms, os suicídios bombistas assassinos, o terrorismo contra infiéis, esses sim, são crimes religiosos pois são praticados em nome de um deus contra os crentes de um deus diferente. Confundir os sistemas totalitários com o ateísmo é o mesmo que confundir Urbano II, Estaline, Pio IX, Mao, talibãs e cruzados com democratas e humanistas.

O Opus Dei e a Al-qaeda são instrumentos do proselitismo. Não há equivalente ateu.


Nota: É questão de puro equilíbrio saber separar os reais fomentadores dos crimes daqueles que praticam ou deixam de praticar atos ligados à divindades (quer por acreditar ou por desacreditar). O equilíbrio da análise é a tônica do presente texto.

Enéias Teles Borges

2 comentários:

  1. É inconcebível um criacionista questionar a ciência. Não existe nada "cientificamente provado".Toda publicação científica é o conjunto de hipóteses,de teorias e conceitos refutáveis sobre a evidência de um tema.Ao contrário do evolucionista que tem conhecimento de causa para questionar os feitos divinos usando como prova, sua própria bíblia.Confrontar as duas correntes, como? São culturas diferentes, uma evoluiu outra não.Um denomina o outro de ateu, e o que é ser ateu? Não acreditar em Deus? Qual deles? Quem não é ateu?
    "Os cães ladram, enquanto a carruagem passa"

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  2. Eu não sou ateu, por crer, que na Criação do Universo, não existe acaso.
    Acaso é só o caos ordenado segundo uma vontade.
    A Energia criadora. A Mente Universal que sustenta a ordem, torna tudo possível.
    O bem e o mal contidos numa só embalagem, O Deus Criador, é a questão, é o equilíbrio de tudo.
    Creio na divindade do homem, enquanto semelhante à Deus. Por Deus, refiro-me ao Criador e não esses deuses inumeráveis que são criados.
    Aliás, diferencio-me de ateus, porque creio na espiritualidade do homem, pois se penso, existo, e existo conscientemente, e essa consciência é divindade.
    Não me importa se fui criado, achado, evoluído da ameba, importado dos Et,s, importa-me que sou parte de Deus, e que possa dar continuidade à minha consciência. Outros conceitos são mera especulação.
    Qualquer ateu ou crente no espírito criador é digno, se não for indigno perante a humanidade. Loucos, cruéis, bárbaros, são a parte da humanidade.

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